"Em círculo, somos todos iguais. Quando estamos em círculo, ninguém está à sua frente, nem atrás, nem acima e nem abaixo.
Um Círculo Sagrado é feito para criar Unidade. O Elo da Vida também é um círculo. Nesse elo há espaço para cada espécie, cada raça, cada árvore e cada planta."
Dave Chief, Oglala Lakota

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Entre o Bem e o Mal






O Sofrimento de Jó -  Preso Entre o Bem e o Mal


A figura bíblica de Jó sempre nos causa certa surpresa. O Justo que sofre. O Homem bom que é acometido de uma série de males permanece um mistério. A pergunta é  como é que Deus pode permitir o sofrimento, ou melhor, como é que Deus não interfere em toda miséria que assalta o homem?

Jung, com maestria, intuiu que o Livro de Jó, mais do que um tratado sobre Deus, revela a duplicidade da alma humana. O bem e o mal que fustigam Jó, não estão fora dele.
A linguagem bíblica é antropomórfica. Deus não é responsável pelo mal humano. Mas essa não é a discussão em questão, cabe aos teólogos lidarem com isso.
Quereremos entender, não Deus, mas como o homem Jó lida com as suas mazelas, com o sofrimento que o atinge.

A Atitude de Jó é também nossa, negamos o mal, o maldizemos e o amaldiçoamos. Comportamento inconsciente ou consciente que aumenta o sofrimento.
Jó passa mais da metade do livro se lamentando, juntamente com a esposa e um grupo de amigos.
Reconciliar-se com a dor, aceitar o mal, como parte integrante do processo de crescimento, leva tempo. Em um dado momento Jó percebe que de Deus vêm os bens e os males, ao homem cabe aceitar o seu fado.

Parece uma ideia muito alienante e medíocre? Não. Ela é libertadora. Não estou afirmando que se deve passivamente aceitar o mal em todas as suas formas. A luta contra o mal e as suas consequências deve ser sempre serena.

A maldade não se vence com maldade. O algoz da maldade será sempre a bondade.
Faz-se necessário reconciliar-se com a maldade interior, trazê-la à tona. Não ter medo de conhecê-la. Não somos anjos, nem nunca seremos, somos somente humanos.
Somente quando Jó compreende a natureza da dor e o seu caráter libertador experimenta a tranquilidade da alma.

Ainda que pareça contraditório, o sofrimento tem caráter redentor, pode ser todo o início do processo de individuação e da salvação da própria existência.
Enfrentar as mazelas da vida com dignidade e hombridade, eis o desafio...!



Irmão Fred (Walter Fredericus Garz Filho)

Mosteiro Beneditino



UBUNTU - "Eu sou porque nós somos"



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